A Libertação de Joana – “Ela pede ao bispo que a confesse e ele se nega, mas permite que outro o faça. É colocada numa carroça e conduzida ao mercado velho de Rouen, capital da Normandia, onde o cadafalso já estava erguido (…). Imediatamente após a leitura [da sua sentença de morte] Joana se ajoelha e perdoa a todos, seus algozes, os borgonheses e os ingleses, seus maiores inimigos, os juízes que a condenaram. Narram os livros que não houve quem não chorasse. A comoção foi total. Até os ingleses se comoveram. Em nenhum momento acusou Carlos VII de tê-la abandonado. Ao contrário, defendeu-o até o fim, dizendo que fizera tudo por livre e espontânea vontade. Aquela que lutou pelo povo e por seu rei e a quem o povo e o rei abandonaram, não mostrou ao morrer a não ser compaixão por eles. Atributo só dos fortes e dos heróis. Sabemos que perdoar não é mesmo para os fracos (…). Seus restos foram jogados ao Sena, mas curiosamente as entranhas e o coração de Joana D’Arc, a morada oculta de Brahma, o santuário de Deus no homem, este não queimou. Quantas não coincidências! Quantos mistérios! Restou o coração, grande demais para o fogo! Nobre demais para queimar!"
Final - "(…) Esta é a Joana que conhecemos, a heroína da França, lembrada na Revolução Francesa, trezentos anos depois, evocada em todas as batalhas de Napoleão ea aclamada pela Resistência em 1945.
Mas possivelmente existam outras Joanas, escondidas, ocultas em nosso dia-a-dia, cheias de força e coragem, de amor e fé, vivendo seu próprio, silencioso e contido calvário. As Joanas anônimas das lavouras, dos barracos, dos becos, as Joanas das esquinas, das fábricas, as que jamais conheceremos.
Que o Eterno nos abençoe com mais seres como Joana D' Arc, mas que essencialmente possamos ser dignos de merecê-los e principalmente de reconhecê-los.”
Excertos do artigo “Joana D’Arc, A Donzela de Orlèans”, da autoria de Iara Fortuna, publicado na revista “Dhâranâ”, Revista de Ciência, Filosofia e Religiões Comparadas. (Ano 76, Edição 237, Novembro 2000)
A imagem do primeiro post (Joana visitada por um anjo) é parte integrante da mesma revista.
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