segunda-feira, 26 de maio de 2008

O Mistério de Joana D'Arc (I)

Excertos do artigo “Joana D’Arc, A Donzela de Orlèans”, publicado na revista “Dhâranâ”, Revista de Ciência, Filosofia e Religiões Comparadas (Novembro 2000)
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Introdução - “O que faz com que um ser, nasci­do nos últimos estertores da Idade Média, uma criança, uma menina pas­tora, camponesa iletrada exerça tama­nho fascínio ainda hoje, às portas do terceiro milênio? Que força emana des­ta mulher? Uma mulher que não foi a mãe biológica de nenhum ser, mas foi a Mãe da Pátria Francesa, de toda uma nação (…). Giuseppe Verdi compôs em 1844 a ópera Joana D'Arc, Bernard Shaw escreveu sobre ela, Tchaikowsky também compôs para ela, Schiller comparou-­a a uma walquíria escandinava (...)”.

Missão - (…) O povo simples e amigo de Vaucoulers [para onde Joana fugiu certa vez] real­mente acreditava que Joana viesse cumprir antigas profecias que lhes eram bastante familiares. Uma delas, a profecia de Merlin, dizia que "da flo­resta de carvalhos, nas fronteiras da Lorena, viria uma virgem que salvaria a França".
(…) Após penosa caminhada, Joana chega ao castelo de Chinon para uma audiência com o delfim (…). Não é recebida no primeiro mo­mento, uma vez que a corte pensa tra­tar-se ou de uma impostora ou de um complô contra o próprio Carlos. (…) Carlos e a corte hesitavam em recebê-la mas, instigado pela sogra Iolanda de Aragão, mãe da rainha Marie D'Anjou, convenceu-se a recebê-la, não sem antes pregar uma peça em Joana. Diante de toda a corte, num salão com trezentos nobres, à luz das tochas, Joana deveria reconhecê-lo, disfarçado de um simples nobre entre os demais, e tendo um outro nobre qualquer como Carlos, sentado no trono. Pois bem. Joana adentrou o recinto e perpassou o olhar por todos os presentes, até pelo suposto rei disfarçado, sem dar-lhe a mínima importância, até que seus olhos foram concentrar-se num homenzinho apático, escondido atrás de uma pilastra. Era Carlos, o delfim. Ela imediatamente ajoelhou-se diante dele e disse: "Nobre delfim, estou aqui enviada pelo meu Senhor para libertar o povo da França, levantando o cerco de Orleans e para conduzi-lo a catedral de Reims a fim de consagrá-lo como legítimo rei da França".

A Sagração em Reims (sobre o estandarte) - “Ela seguia à frente de seu exército levando seu inseparável estandarte de linho branco, bordado de flores de Liz, tendo ao centro a divindade seguran­do o mundo, ladeada por dois anjos, tendo em cima a frase “Jesus Maria”. Levava por vezes um estandarte me­nor, onde se via uma cena da Anunciação, tendo ao centro um pom­bo com um rolo de pergaminho no bico, onde se lia: "De par le Roy du Cie!' (Em nome do Rei dos Céus). Mais iniciático impossível”.

continua...



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