Excertos do artigo “Joana D’Arc, A Donzela de Orlèans”, publicado na revista “Dhâranâ”, Revista de Ciência, Filosofia e Religiões Comparadas (Novembro 2000)
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Introdução - “O que faz com que um ser, nascido nos últimos estertores da Idade Média, uma criança, uma menina pastora, camponesa iletrada exerça tamanho fascínio ainda hoje, às portas do terceiro milênio? Que força emana desta mulher? Uma mulher que não foi a mãe biológica de nenhum ser, mas foi a Mãe da Pátria Francesa, de toda uma nação (…). Giuseppe Verdi compôs em 1844 a ópera Joana D'Arc, Bernard Shaw escreveu sobre ela, Tchaikowsky também compôs para ela, Schiller comparou-a a uma walquíria escandinava (...)”.
Missão - (…) O povo simples e amigo de Vaucoulers [para onde Joana fugiu certa vez] realmente acreditava que Joana viesse cumprir antigas profecias que lhes eram bastante familiares. Uma delas, a profecia de Merlin, dizia que "da floresta de carvalhos, nas fronteiras da Lorena, viria uma virgem que salvaria a França".
(…) Após penosa caminhada, Joana chega ao castelo de Chinon para uma audiência com o delfim (…). Não é recebida no primeiro momento, uma vez que a corte pensa tratar-se ou de uma impostora ou de um complô contra o próprio Carlos. (…) Carlos e a corte hesitavam em recebê-la mas, instigado pela sogra Iolanda de Aragão, mãe da rainha Marie D'Anjou, convenceu-se a recebê-la, não sem antes pregar uma peça em Joana. Diante de toda a corte, num salão com trezentos nobres, à luz das tochas, Joana deveria reconhecê-lo, disfarçado de um simples nobre entre os demais, e tendo um outro nobre qualquer como Carlos, sentado no trono. Pois bem. Joana adentrou o recinto e perpassou o olhar por todos os presentes, até pelo suposto rei disfarçado, sem dar-lhe a mínima importância, até que seus olhos foram concentrar-se num homenzinho apático, escondido atrás de uma pilastra. Era Carlos, o delfim. Ela imediatamente ajoelhou-se diante dele e disse: "Nobre delfim, estou aqui enviada pelo meu Senhor para libertar o povo da França, levantando o cerco de Orleans e para conduzi-lo a catedral de Reims a fim de consagrá-lo como legítimo rei da França".
A Sagração em Reims (sobre o estandarte) - “Ela seguia à frente de seu exército levando seu inseparável estandarte de linho branco, bordado de flores de Liz, tendo ao centro a divindade segurando o mundo, ladeada por dois anjos, tendo em cima a frase “Jesus Maria”. Levava por vezes um estandarte menor, onde se via uma cena da Anunciação, tendo ao centro um pombo com um rolo de pergaminho no bico, onde se lia: "De par le Roy du Cie!' (Em nome do Rei dos Céus). Mais iniciático impossível”.
continua...
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