terça-feira, 14 de junho de 2016

Na presença das Runas

Ver as Runas com os meus olhos, sentir com as minhas mãos os contornos dos familiares símbolos gravados na pedra há pelo menos um milhar de anos, retirando com os dedos a poeira que se acumulou nas reentrâncias para confirmar de que runa se tratava, foi uma experiência  profundamente significativa para mim. 

Em Skansen, na Suécia, com uma das primeiras
pedras rúnicas que vi, conhecida pelo nome de Ölstastenen.
Estar pela primeira vez na presença das Runas foi como estar perante um portal do Tempo. Senti-me suspensa, apenas sentindo a força e o magnetismo daqueles símbolos há tanto tempo gravados por quem os utilizava, e que até aquele momento eu apenas tinha conhecido e estudado por livros e imagens. Mesmo utilizando regularmente as Runas enquanto oráculo, nunca as tinha sentido como tão "reais"... talvez nunca me tivesse sentido tão ligada a elas até aquele momento. Ao ver e tocar nas Runas, senti uma ligação profunda a elas, senti que faziam parte de mim. Não sei como explicá-lo de outra forma.

As Runas, utilizadas desde 250 a.C., são um sistema de escrita avançado: além de cada letra/runa ter um valor fonético que em conjunto com outras letras/runas forma palavras com significados específicos, cada letra/runa tem também um valor em si mesma, isoladamente. Assim, cada letra dos alfabetos rúnicos está associada a uma força da natureza (relâmpago, árvore, animal, fruto, etc) e/ou um princípio cósmico, geralmente personificada num deus do panteão nórdico. 

Outra pedra rúnica em Skansen
Os antigos povos nórdicos falavam línguas que estão na origem das actuais línguas germânicas (alemão, inglês, sueco, dinamarquês, norueguês, etc) e essa influência e semelhança entre elas é bem visível se compararmos, por exemplo, os nomes dos dias da semana nestas línguas, que correspondem também aos nomes de alguns dos principais deuses nórdicos. 
As línguas proto-germânicas eram amplamente faladas, mas o significado oculto em cada símbolo era conhecido apenas por alguns, segundo se crê, os chamados "druidas", a quem os chefes das tribos recorriam para obter o conselho deste oráculo relativamente a decisões importantes que precisavam de tomar. 

Pormenor da mesma pedra rúnica, com as
runas Nauthiz, Wunjo e Uruz bem visíveis.  
Cada runa, ou seja, cada letra dos alfabetos rúnicos - sendo o Elder Futhark o mais antigo e aquele que utilizo - tem assim um som, um nome, uma grafia e um significado. Muito além de uma letra, uma Runa é a expressão simbólica de um poder ou princípio cósmico, cuja representação é pictográfica e inspirada na Natureza e na sua imensa sabedoria.

Um agradecimento muito especial 
à minha mãe, Helena, que possibilitou 
esta experiência tão importante para mim. 

Vera Vieira da Silva

***********************************