quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Para que serve um Oráculo?



Depois de cerca de três meses sem escrever, este brotou ontem de dentro de mim a uma velocidade impressionante! :)

Este artigo faz uma reflexão sobre os benefícios da utilização de oráculos como ferramentas de auto-conhecimento (Tarot, Runas, I-Ching, etc). Relaciona também a busca de respostas dentro e fora de nós, com a utilidade/inutilidade de procurar fora algumas respostas e confirmações que só podem vir de dentro, através da experiência e de uma transformação interna que levará a um encontro com nós próprios e com a nossa missão de(sta) vida. Faz ainda referência aos filmes do "Matrix" como exemplo dessa caminhada que todos temos de fazer sozinhos.
 
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
 
 
Artigo publicado no Sapo Lifestyle>Astral aqui
 

Para que serve um Oráculo?

Um oráculo funciona como um espelho. E como espelho que é, reflete uma imagem, simbólica, de um esclarecimento ou uma pergunta que lhe apresentamos. 
 
Unknown - from Le Musée absolu, Phaidon, 10-2012Silenus holding a lyre (left); demi-god Pan and a nymph sitting on a rock, nursing a goat (centre); woman with coat (right). Fresco of the mystery ritual, right, Villa of the Mysteries, Pompeii, Italy.


Os oráculos são ferramentas de trabalho interior que nos ajudam a organizar e compreender as nossas ideias e as nossas emoções. Tal como acontece com as ferramentas utilizadas em trabalhos puramente físicos, é possível, em maior parte dos casos, encontrar alternativas para realizar o que as Runas, o Tarot, o I-Ching e outros oráculos nos permitem fazer e nos leva a querer utilizá-las: uma delas, é apenas deixar o tempo passar e aprender com ele. A diferença é que estas ferramentas ajudam-nos a acelerar esse processo.

Um oráculo funciona como um espelho. E como espelho que é, reflete uma imagem, simbólica, de um esclarecimento ou uma pergunta que lhe apresentamos. A imagem é simbólica porque funciona com símbolos. Essa representação em linguagem simbólica tem depois de ser descodificada para ser compreendida, pelo próprio ou por alguém que conheça essa linguagem. O que ainda gera alguma confusão e desconfiança relativamente aos oráculos no geral é que estas ferramentas são vistas como algo impossível de ser real, pelo facto de supostamente de nos dar chaves milagrosas para resolvermos todos os nossos problemas e sermos felizes para sempre, e nada disso existe, pelo menos não nesses moldes. Mas já lá vamos.

O mundo dos arquétipos é o mundo dos oráculos. Arquétipos são representações dos ciclos da experiência humana e da sua evolução. No fundo, são símbolos, como outros que podemos desenhar e escrever e que representam ideias e estados mentais ou emocionais. Então o que os oráculos fazem é devolver-nos uma representação simbólica como resposta a uma pergunta que formulámos previamente – a tal imagem simbólica refletida no espelho. Mas não apenas eles. Todos nós somos uma espécie de "antenas" que continuamente emitem e captam energia e magnetismo. Quando trabalhamos com um oráculo, concentramo-nos numa pergunta/ideia específica e os oráculos revelam-nos apenas a imagem simbólica correspondente àquilo que foi lhes foi dirigido.

É simplesmente isso, uma resposta magnética e energética, que nos chega por meio de uma ferramenta física que trabalha com "matéria" não física, e que funciona como um canal entre esses dois mundos. Não é magia, é a lei da Afinidade em ação. Parece-nos magia apenas porque só raramente observamos à nossa volta as muitas outras manifestações desta e de outras leis cósmicas, então as poucas que são visíveis aos nossos olhos parecem-nos algo raro e muito especial. É é especial, apenas não é raro, é a forma como este maravilhoso Universo funciona.

A verdadeira confusão relativamente aos oráculos é a ilusão que existe relativamente ao seu propósito e funcionamento. Nenhum oráculo - nem seja o que for exterior a nós - vai resolver os nossos problemas em nosso lugar. Pode sim, ajudar-nos muito ao nível do auto-conhecimento, trazendo para o nosso consciente conhecimento e informação que já lá está latente mas, claro está, a um nível inconsciente. Um oráculo pode ainda dar-nos uma orientação eficaz em momentos específicos, que pode fazer uma grande diferença em certos momentos, mas não sem que nós nos ajudemos a nós próprios e tenhamos um papel ativo na sua superação e na nossa auto-transformação.
As respostas que qualquer oráculo nos dá são exatamente aquelas que temos de ouvir nesse momento – pois são a correspondência magnética desse instante – mas não necessariamente aquilo que vai acontecer, pois o futuro está em permanente mutação. Não adianta querer chegar o futuro antes do tempo, porque esse só chegará quando for construído por nós. Outros futuros chegarão sempre, se não construirmos o nosso, mas esses são geralmente aqueles que nos fazem mais tarde lamentar o passado e viver de “ses” o resto da vida: “se eu tivesse feito isto”, “se tivesse vivido aquilo…”.
Podemos pedir esclarecimentos a um oráculo sobre o passado, o presente ou o futuro. Mas é geralmente mais útil tentar compreender algo do presente ou um aspeto não resolvido do passado, porque relativamente ao futuro um oráculo só pode apontar uma direção que poderá levar-nos a um determinado caminho ou acontecimento se as tendências do momento se mantiverem. Seja como for, o que é realmente importante na nossa vida nunca nos é dito nem dado assim, “de bandeja”. Tal como o personagem Neo do “Matrix”, se o Oráculo lhe tivesse dito que ele era “O Escolhido” quando este lhe foi apresentado, ele seria o Escolhido na mesma, mas não realizaria a sua missão pois esta seria como que algo exterior a ele, algo não descoberto internamente. Por isso o Oráculo teve de dizer-lhe que ele não era o Escolhido, para que sem esse peso nos ombros ele se pusesse a caminho, vivesse mil e uma aventuras e descobrisse dentro de si próprio quem era - revelando-se a si próprio. Só sabendo, internamente, quem era, ele poderia realizar a sua missão.

Em suma, as respostas de um oráculo estão sempre certas: o momento em que elas nos são dadas é sempre o momento certo para as ouvirmos, pois essa informação vai desencadear uma sequência de acontecimentos que não nos levam necessariamente ao tal “futuro”, mas aproximam-nos da nossa missão, que é o que realmente importa. O que fazemos com essas respostas é responsabilidade nossa. Não podemos ficar à espera que se concretizem, não podemos depender delas, e sobretudo não podemos tentar viver através delas e sonhar com um futuro melhor do que o presente é e do que o passado foi. Isso seria fazer uma ficção da nossa própria vida. Um oráculo funciona assim. Afinal, os oráculos são - como foi dito desde o início - uma ferramenta, um cajado para nos auxiliar no caminho. Mas os peregrinos da vida somos nós.

Vera Vieira da Silva Facebook

Email: v.vieiradasilva@gmail.com

artigo do parceiro: Vera Vieira da Silva

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Primeiro artigo publicado em papel!

O meu primeiro artigo em papel foi publicado hoje!!! :D

É uma sensação incrível ir a uma banca de jornais e revistas e comprar uma que inclui um artigo nosso!

A revista ZEN Energy já está nas bancas!






quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Pôr-do-Sol @ Alvor

A Espiritualidade e a “pseudo-espiritualidade”

Artigo publicado no SAPO Lifestyle>Astral aqui

 

A Espiritualidade e a “pseudo-espiritualidade”


Nos dias de hoje tudo à nossa volta insta a uma espiritualidade fácil, rápida e descartável, características que nada têm a ver com o despertar da consciência e que se opõe ao desenvolvimento de uma verdadeira espiritualidade.
NASA/ESA/AURA/Caltech
Não nos enganemos: o caminho da espiritualidade não é fácil, não é uma fase, muito menos uma moda que chega e passa. A espiritualidade é um caminho que se escolhe, um caminho interior rumo ao despertar da nossa consciência, que como o próprio nome indica, tem implícita a concentração e o foco não no materialismo, mas no Espírito que desce e se manifesta na Matéria, animando-a de vida.

Espiritualidade vem do latim “spiritus”, que significa respiração ou sopro. Diz o Dicionário Michaelis, Espírito é o “Princípio animador ou vital que dá vida aos organismos físicos”. Num sentido mais lato, Espírito é aquilo que não tem forma, mas que sendo o Sopro, ou Verbo Divino, cria a Matéria e a anima. Por este raciocínio se depreende que é o Espírito que comanda a Matéria, e assim sendo, tudo o que nesta se manifesta - ou seja, no plano físico - tem a sua causa e princípio no plano espiritual, e não o contrário.

Seguindo esta ideia, a espiritualidade é a busca de respostas sobre os mistérios da Vida e do Cosmos por quem não as encontra no mundo material, no que lhe é explicado pela sociedade, e no que esta, de um modo geral, pratica. Essa busca, quando verdadeira, toma a forma de compromisso pessoal tomado de plena consciência, que implica uma vontade profunda de transformação e superação de si próprio, que necessita de todo o nosso empenho e de uma permanente auto-vigilância para se cumprir.

Cada vez mais nos é vendida a ideia de uma espiritualidade fácil e rápida, que passa por adquirir ou experimentar uma série de produtos e serviços que empregam em abundância termos de conotação espiritual e prometem resolver os nossos problemas, mudar a nossa vida, e ajudar-nos a nos tornarmos ”espirituais” de uma forma mais rápida. Duas coisas: nós já somos espirituais, precisamos é de tornar essa espiritualidade consciente e ativa; a via da espiritualidade não é fácil ou rápida.

A espiritualidade é um caminho longo e progressivo que tem em vista à nossa evolução. Mas não temos possibilidade de saltar etapas desse percurso. Podemos procurar acelerar o nosso desenvolvimento espiritual, o que é algo bem diferente, e que implica maior empenho e vontade, e também maiores desafios e responsabilidades. A evolução é o despertar do nosso potencial latente, do divino em nós. A existência da divindade dentro de nós - e não apenas fora de nós - é uma ideia natural em muitas partes do mundo. Um bom exemplo disso é a saudação nepalesa mais comum, “Namasté”, que significa “O deus que há em mim saúda o deus que há em ti”.

Na espiritualidade, tudo tem a ver com vivenciação, pois esta não pode existir apenas em teoria, em conhecimento não vivenciado ou não aplicado. É o grande Teatro da Vida: é através das muitas experiências pelas quais passamos e de tudo o que vivenciamos ao longo de múltiplas reencarnações, que a nossa consciência vai despertando, que ocorre a transformação interior e a evolução da nossa mónada, ou seja, da nossa essência espiritual. Então, retomando o ponto anterior, não vamos saltar etapas na nossa evolução só por nos rodearmos de experiências momentâneas, símbolos e palavras que não compreendemos. Isso é uma ilusão.

De facto, cada vez mais se utilizam abusivamente palavras e símbolos sagrados sem uma compreensão do que significam, e com propósitos que por vezes nada têm a ver com esse uso, vulgarizando-os. Por vezes os símbolos são utilizados erradamente, invertendo a sua rotação, e fazendo com que o seu significado - e energia gerada - seja o oposto, passando a significar involução em vez de evolução, por exemplo.

Um dos símbolos que mais é confundido - e que ilustra bem o impacto da inversão de um símbolo - é a famosa suástica ou cruz gamada: este é um símbolo milenar, gravado em muitos templos da Índia, do Tibete, da China e de outros países com influência hindu e budista, aparecendo por vezes gravado no peito de estátuas do Buddha. Na sua obra de referência “A Doutrina Secreta”, Helena Petrovna Blavatsky - reconhecida teósofa e cofundadora da Sociedade Teosófica - explicou que a suástica é por excelência um símbolo da Evolução Cósmica.

Por isso, a suástica amplamente utilizada por Hitler que se tornou um símbolo dos ideais do nazismo não é, nem poderia ser, esta suástica, e sim uma suástica deliberadamente invertida - ou sovástica – o que inverte igualmente o seu significado, que passa a ser o de involução e caos em vez de evolução. Comparando a suástica gravada nos templos hindus com o estandarte nazi verificamos facilmente que a segunda é uma inversão da primeira. O movimento verifica-se pelo vértice, e a suástica tem um movimento no sentido dos ponteiros do relógio, enquanto a suástica invertida ou sovástica de Hitler gira no sentido anti-horário.

Antes de se utilizar um símbolo é muito importante começar por estudar a sua origem e significado através de fontes fidedignas, pois há uma imensa quantidade de informação errada, sobretudo na internet. Qualquer símbolo ou palavra representa uma ideia, princípio ou força, e os símbolos tanto são criados para construir como para destruir - a suástica invertida é um dos maiores exemplos disso. Utilizar um símbolo é invocá-lo, tornando presente tudo o que ele representa.

Por isso é preciso muito cuidado na utilização de símbolos e palavras sagradas, para não os vulgarizarmos nem utilizarmos de forma a que possam tornar-se prejudiciais para nós ou para outros, mesmo que tenhamos as melhores intenções. Energia é energia: uma vez posta em movimento, ela vai gerar resultados, independentemente da nossa consciência relativamente à forma como ela se manifesta ou nos influencia.

Por outro lado, ter conhecimento dos símbolos ou das Tradições antigas ou não é garantia alguma de desenvolvimento espiritual. Quem envereda por um caminho espiritual está sujeito ao erro como qualquer outra pessoa, pois todos temos tendências negativas para resolver e transformar em tendências positivas, e o caminho que cada um tem a percorrer é único. A diferença é que, à partida, uma pessoa que deseja transformar-se e procura uma orientação nesse sentido dispõe de uma maior quantidade de ferramentas para (se) trabalhar. Assim, poderá evitar cair em alguns erros mais comuns. Mas tal só acontecerá se houver vontade e for feito um esforço nesse sentido.

Quando as pessoas se comprometem interiormente com um trabalho espiritual para a evolução da sua consciência, e tanto quanto possível auxiliar outros a fazerem o mesmo, não devem esperar que tudo passe a ser perfeito, ou achar que não vão cometer mais erros, nem vão ter mais problemas familiares, nem vão mais ficar desempregados, etc. As coisas não funcionam assim. Vai continuar a acontecer tudo o que for necessário para cumprirmos o nosso caminho e crescermos em consciência através de múltiplas experiências. Às vezes, a perda de um emprego ou o fim de um relacionamento podem ser uma bênção.

Infelizmente, o que tomamos por espiritualidade é muitas vezes uma pseudo-espiritualidade. Algumas pessoas, por exemplo, utilizam os seus conhecimentos e capacidades psíquicas ou intelectuais para cultivarem o seu poder pessoal, para serem adoradas e passarem a ideia de que são criaturas perfeitas, que não cometem erros, nem se enganam, ao mesmo tempo que tratam outras pessoas como inferiores, revelando incoerência, falta de humildade e desrespeito pelos princípios e valores que, em teoria, defendem. Mas mesmo isso faz parte do seu processo pessoal. E em última análise, a “pseudo-espiritualidade” tem a sua utilidade e cumpre o seu papel, nem que seja ajudando-nos a compreender o que a Espiritualidade não é.

A partir do momento em que se inicia um caminho espiritual, verdadeiramente, não há volta atrás. Quando há um despertar da consciência, não há como perder essa consciência, nem é possível continuar a viver como antes se vivia. É como uma morte, seguida de um renascimento: simbolicamente, é mesmo isso que acontece, só não existiu uma morte no plano físico. É como se antes estivéssemos mortos, estando vivos, mas sem viver verdadeiramente. Depois de sentirmos isso dentro de nós, não há como viver da mesma forma.

Concluindo, a Espiritualidade não funciona como um botão on/off, que se acende ou apaga em algumas áreas da nossa vida conforme nos dá jeito. Se a nossa espiritualidade não se manifestar em tudo o que somos e fazemos, em todas as áreas da nossa vida e na nossa relação com os outros, não é de todo espiritualidade. Tudo pode, no fundo, resumir-se numa frase genial que circula atualmente pela internet, de autor desconhecido: “Não adianta fazer yoga e não cumprimentar o porteiro”.

Vera Vieira da Silva

Facebook Email

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Inspiração matutina * Morning inspiration

Inspiração matutina. * Morning inspiration #vintage #vintagestyle #retro #typewriter #write #type #escrita #oldiebutgoodie

A photo posted by Vera Vieira da Silva (@araciguassu) on

Uma bolota de presente

O carvalho era uma árvore sagrada para os celtas. A palavra celta para carvalho era "duir", que significa "porta", e "druida" significa "conhecimento do carvalho". As Runas, tão utilizadas pelos druidas, eram habitualmente esculpidas do carvalho. Esta árvore de enorme resistência, longevidade e de porte majestoso está associada ao deus nórdico Thor, deus do trovão - e também ao deus romano Júpiter - por ter tendência a atrair os raios, mas por ser também das poucas árvores que lhes consegue resistir.
Há um ano que procurava uma bolota para plantar, cuidar e ver nascer dela um carvalho. E em plena Lisboa, na Avenida da Liberdade, recebi hoje este presente *
Facebook

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Karma Karma Karma Chameleon ;)





CHRISTOPHER ANDERSON, POSTDOC ASSOCIATE, BROWN UNIVERSITY, ECOLOGY AND EVOLUTIONARY BIOLOGY: With their independently rotating eyes, color change abilities, their pincher like feet, their long tongue that they project out of their mouth, and their slow deliberate movements, chameleons are animals that most people would regard as charismatic.

One of the centers of chameleon diversity is Madagascar. And of the 202 chameleon species that are currently described to science, 42 percent occur on Madagascar.

One of the old theories as to why chameleons change color is that they were changing color to match their background. But what we now know is that it’s actually a communication strategy. Male-male combat will elicit some of the most impressive colorations from males. 

From females on the other hand, if a female is gravid (or she has eggs and is not interested in breeding) if a male starts to try and court her she will display some very intense, vibrant colorations to let the male know that she’s not interested.

In 2015 scientists have discovered that the superficial layer of chameleon skin has pigments in it and under that there are cells with small guanine crystals. Chameleons change color by actively tuning the spacing between these guanine crystals. And what that does is it changes the wavelength of light that is reflected off of those crystals and thereby changes the hue or the color of the chameleons.

Now chameleons have always been considered a master of camouflage and some of that is actually behavioral. When chameleons are moving in the branches or moving along the ground they do a very characteristic back and forth motion. And what they’re actually doing is mimicking a leaf or branch in the wind and trying to break up a typical movement pattern of an animal running from a predator.

The chameleon tongue is actually a highly complex array of bone, elastic elements and muscle. Chameleons can project their tongues up to two body lengths from their mouth. Now this is done at speeds of about 5.8 meters per second or about 13 mph.

Tongue projection in chameleons is similar in a lot of ways to a bow and arrow. Before the tongue is actually launched, or the arrow, muscle action loads elastic elements. And so in a bow and arrow that’s when the arm actually pulls the bow back. Tongue launch is initiated by the recoil of those elastic elements that were loaded by the muscle action or the release of the bow in the bow and arrow model. And it’s the recoil of those elastic tissues, or that bow, that causes that launch of the tongue or the arrow in the bow and arrow example.

Thirty-six percent of chameleon species are threatened with extinction. There are nine species which are regarded as critically endangered and 37 species that are regarded as endangered.

The main threats to chameleons in the wild is actually habitat alteration and deforestation. Because some chameleons are found only in a specific type of habitat on a single mountain this makes them range restricted. But when that range restriction is combined with other pressures on their habitat, a lot of these species become endangered.

Chameleons have fascinated scientists and naturalists for centuries. And it’s something that we’re still learning a lot about.


[Transcript]

National Geograpic

Fonte aqui

Runas: para além das técnicas


Há tanto para criar e descobrir, além do que já foi feito e se conhece... Porque insistimos em ver barreiras onde elas não existem? Os nossos limites e os do que podemos descobrir e alcançar são criados por nós.

Até no lançamento das Runas ou no trabalho com outros oráculos, se apenas utilizarmos as técnicas e os meios convencionais, estamos a limitar-nos. Não há qualquer desrespeito para com as regras que os Antigos criaram, desde que as conheçamos e respeitemos, como a Tradição que trouxe até nós essa sabedoria ancestral. 

Assim, podemos criar as nossas próprias técnicas de lançamento, adequando-as ao trabalho que desenvolvemos, à nossa sensibilidade pessoal e às circunstâncias do momento. Basta fazê-lo com consciência, definindo previamente o significado que vamos atribuir à posição em que cada runa sair. A conexão com o oráculo será muito mais profunda e as leituras tornar-se-ão bem mais claras.

Página aqui

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A contradição em pessoa

Artigo publlicado no Sapo Lifestyle>Astral aqui

A CONTRADIÇÃO EM PESSOA

Uma pessoa é feita de contradições tremendas, por vezes tão grandes que parecem inconciliáveis. Porque tendemos a dividir as pessoas entre “boas” e “más”, é difícil conciliar estas diferenças, mas necessário: somos luz e sombra… somos a contradição em pessoa.
Umas vezes é surpreendente, outras inacreditável, outras simplesmente enervante, como um ser humano pode ser tão cheio de contradições. Entre aspetos que consideramos positivos e outros que consideramos negativos, torna-se por vezes muito difícil formar uma opinião sobre alguém, ou conhecê-lo verdadeiramente. Mesmo quem conhecemos desde sempre.
Pessoas de grande sensibilidade são por vezes capazes das maiores insensibilidades. Pessoas enérgicas, assertivas e bem-dispostas com a vida podem por vezes manifestar essa mesma energia no combate verbal e na teimosia de fazer valer a sua própria opinião, desconsiderando a opinião dos outros. Pessoas extremamente carinhosas e afetuosas na maioria das circunstâncias podem, quando se sentem magoadas ou atingidas, ser capazes de magoar intencionalmente outros com a mesma intensidade com que geralmente distribuem afeto. E qual destes diferentes aspetos da pessoa é mais verdadeiro? Provavelmente, ambos.
Harmonizar as nossas próprias contradições pessoais pode ser tão desafiador quanto lidar com as contradições dos outros. Agimos de forma diferente em situações diferentes e muitas vezes também agimos de forma diferente em situações idênticas, sem haver uma lógica ou uma razão para isso. Por vezes agimos racionalmente, outras emocionalmente, outras por intuição. Por vezes as nossas ações contradizem-se, e contradizem-nos aos olhos dos outros. Por vezes as diferenças entre o nosso mundo interior e as que revelamos ao exterior são tremendas e confusas até para nós. Anne Frank, por exemplo, escreveu no seu diário que era um feixe de contradições e que se sentia partida em duas.
De facto, somos seres duais, feitos de polaridades, num mundo igualmente polarizado. Estamos todos na Escola da Vida e precisamos de experienciar e vivenciar os vários lados, os diferentes polos, para tomarmos consciência dos múltiplos aspetos que nos compõe e que constituem o mundo em que vivemos, para encontrarmos, aos poucos, o equilíbrio no meio. Sem conhecermos um extremo, não nos seria possível conhecer o outro extremo, nem saber o que é o equilíbrio. "A verdade não seria reconhecida se não existisse a mentira, nem o amor sem a manifestação do ódio" (Henrique José de Souza).
Os opostos e as contradições que observamos em nós, nos outros e no mundo à nossa volta são necessários e essenciais, porque geram um movimento constante que impede a estagnação da nossa aprendizagem. As atribulações que nos fazem experienciar e as dúvidas que nos suscitam não nos permitem ter muitas certezas sobre o que quer que seja – felizmente: quando temos muitas certezas deixamos de aprender. E é mais difícil ter opiniões definitivas, construir teorias ou fazer generalizações quando o que observamos se contradiz; assim a nossa mente mantém uma abertura a diferentes possibilidades, inclusive à de estarmos errados e precisarmos de rever as nossas “certezas”.
Por vezes é realmente difícil gerir os opostos e as contradições que existem dentro e fora de nós, mas é também graças a estes que aumenta a nossa consciência sobre quem somos e sobre o mundo. O contacto com esses diferentes aspetos e os seus extremos permite-nos aos poucos conhecer os contornos do que nos rodeia e nos compõe, que é essencial para que possamos evoluir… e todos estamos em busca de aperfeiçoamento, mesmo que não tenhamos consciência disso. Essa busca manifesta-se na nossa vida disfarçada na mítica busca da “felicidade”. Afinal, o que é a busca de felicidade, senão a busca de uma paz e de uma alegria que só podem vir do equilíbrio interno?
O budismo esotérico explica que todos somos feitos de tendências positivas - skhandas - e tendências negativas – nidhânas -, as últimas das quais precisam de ser trabalhadas, superadas e transformadas em tendências positivas. Também por isso não faz sentido dividir as pessoas pessoas entre boas e más. Talvez um dos maiores ensinamentos que podemos retirar da realidade transitória e contraditória que nos envolve e nos compõe seja esse: o de não fazermos juízos precipitados ou definitivos sobre nada nem ninguém, para melhor ou para pior. Mesmo pessoas consideradas “boas” podem cometer graves erros e pessoas encaradas como “más” podem praticar atos de genuína bondade.
Falando em contradições, Wolfgang Amadeus Mozart, que aos 5 anos de idade já compunha sinfonias e que morreu aos 34 anos de idade deixando uma obra vastíssima, era no entanto conhecido por ser leviano, fútil, ter uma linguagem rude e exagerar na bebida, o que acabou por matá-lo. Diz-se também que Ludwig Van Beethoven era arrogante, bruto e agressivo no trato, ao ponto de não cumprimentar as pessoas que lhe dirigiam a palavra na rua (antes de ter ficado surdo). No entanto, ambos são autores de algumas das mais belas melodias de sempre e são reconhecidos mundialmente como dois dos melhores compositores de todos os tempos. Estes aspetos menos conhecidos de Mozart e Beethoven não diminuem em nada a sua grandeza, mas faziam parte deles tanto quanto o seu génio.
É mais complicado ainda quando falamos das contradições de pessoas que cometeram actos indiscutivelmente maus e criminosos. Um bom exemplo de contradições extremas ao ponto de parecerem inacreditáveis, são os relatos que nos chegaram de sobreviventes dos campos de concentração nazis, de acordo com os quais muitos dos oficiais SS choravam de emoção ao ouvir música clássica… sim, os mesmos que matavam e espancavam os prisioneiros, aparentemente incapazes de qualquer sensibilidade, empatia por outro ser humano, ou de se compadecerem dele. O que significa uma contradição destas? Como se explica?
A história mostra-nos que os perpetradores de algumas das maiores atrocidades que o mundo conheceu estavam geralmente convencidos de que estavam a fazer o correto, o necessário, ou em alguns casos o “mal menor”. Muitos deles poderiam até ser bons pais, bons maridos, amigos dos seus amigos ou carinhosos com os seus animais de estimação, desde que tudo correspondesse aos seus ideais e crenças pessoais. Quando não correspondia, é que os seus aspetos mais obscuros vinham ao de cima, manifestando-se frequentemente no fanatismo ideológico ou religioso e destruindo tudo à sua passagem.
Apesar de todos possuirmos luz e sombra dentro de nós, é inquestionável que existem pessoas com tendências maioritariamente negativas, capazes de cometer atos desumanos e da maior crueldade. Felizmente, existem outras pessoas, com tendências extraordinariamente positivas, que nos inspiram, orientam e alargam os nossos horizontes. Contudo, a generalidade das pessoas parece possuir tendências positivas e negativas em quantidades semelhantes. O estado do mundo é talvez o maior barómetro e a maior evidência de que existe luz e sombra dentro de todos nós.
Esses diferentes aspetos, por mais que pareçam não encaixar nem fazer sentido, têm de ser conciliáveis: o mundo é, afinal, simultaneamente maravilhoso e tenebroso, um reflexo do estado evolutivo da humanidade. E apesar de parecer que pouco podemos fazer para torná-lo melhor, podemos sempre assumir o compromisso pessoal de fazer o que nos for possível para aumentar a nossa parcela de luz e consciência, iluminando e inspirando os que nos rodeiam tanto quanto possível. O mundo e a humanidade agradecerão.
Vera Vieira da Silva

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Runa de Odin


Há uma runa em branco que pessoalmente considero muito especial. Esta runa, chamada geralmente de runa de Odin ou runa do Destino, não é considerada por muitos estudiosos das Runas e praticantes desta arte. Sendo uma runa em branco, à partida não poderia existir em tempos longínquos, quando as Runas que compõem este alfabeto sagrado para os nórdicos eram gravadas em pedras, formando palavras e ideias, transmitindo mensagens, invocando poderes e forças cósmicas. Contudo, quando as Runas são gravadas individualmente em pedras e lançadas com o objectivo de compreender um evento na vida de alguém ou fazer previsões, há que criar espaço para o que nem as Runas podem dizer... 

Geralmente, quando esta poderosa runa - de Odin ou do Destino - aparece num lançamento, ela diz-nos que o que está a passar-se na nossa vida, relativamente ao assunto específico sobre o qual estamos a inquirir, tem de acontecer, pois é necessário para a nossa evolução. Esta runa diz-nos que a experiência por que estamos a passar vai trazer ao de cima e obrigar-nos a enfrentar os nossos maiores medos - solidão, abandono, incapacidade, perda de recursos, etc.. - e que vão haver mudanças tremendas na nossa vida, ou pelo menos na forma como vamos passar a vivê-la e encará-la. Dependo das outras runas que saírem num lançamento, esta runa pode servir como um alerta, que nos diz que não devemos fazer mais perguntas sobre o assunto. 

Para além do significado que geralmente lhe é atribuído, há algo nesta runa que considero tão ou mais importante, ligado à ideia de espaço que mencionei em cima... Esta runa cria espaço - ela é o vazio, cheio de possibilidades. O que cabe no vazio? No vazio cabe tudo e tudo é possível. É preciso confiar na sabedoria da Vida, e em nós mesmos, para manifestar as possibilidades contidas dentro de nós, dando-lhes forma, concretizando-as. Para cumprirmos os desígnios da nossa vinda aqui - e nos cumprirmos - temos de criar espaço para o vazio grávido de tudo o que somos e podemos ser, se acreditarmos e agirmos para concretizá-lo.  


quarta-feira, 22 de julho de 2015

Gebo


Para os antigos nórdicos a generosidade era a maior das virtudes. Mas os nórdicos acreditavam também que não devemos dar demais, porque uma dádiva exige outra dádiva, e porque é essa reciprocidade que mantém o ciclo da generosidade.

Dar, sim, mas não dar mais do que podemos e temos para dar, porque aí não teremos mais para nós, nem para mais ninguém.

Por isso a Runa Gebo - que representa este arquétipo - significa dar e também receber, em equilíbrio, e pode manifestar-se de diversas formas (amor correspondido, amizade verdadeira, conexão com o divino em nós, generosidade, presentes).

[Vera Vieira da Silva]

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Denis Mukwege


"Denis Mukwege, médico congolês que tem dedicado a sua vida a assistir mulheres vítimas de violação na República Democrática do Congo, é o vencedor do Prémio Calouste Gulbenkian 2015."

Fonte: Site da Fundação Calouste Gulbenkian (ver aqui )


No meu último artigo para o Sapo Lifestyle, "Vontade de viver, Vontade de morrer", falei neste ser humano extraordinário, que para além da assistência médica que tem dado a dezenas de milhares de mulheres vítimas de violação no Congo, tem trabalhado incansavelmente para alertar a comunidade internacional e pedir a sua ajuda no combate aos horrores que se passam neste país, mesmo após ter sofrido atentados que vitimaram também a sua família. Este é um homem de uma imensa coragem, um exemplo vivo do que é trabalhar pela comunidade e pela humanidade. Muitos Parabéns, Denis Mukwege *

domingo, 12 de julho de 2015

Olha a Laranja

Uma música de uma nostalgia maravilhosa... da autoria de Fernando Lopes-Graça.




"Olha a Laranja", de Fernando Lopes-Graça

 Coro de Câmara de Lisboa
 Direcção do coro: Teresita Gutierrez Marques


Olha a laranja

Esta rua tem pedrinhas, 
esta rua tem pedrinhas, 
esta rua pedras tem. 

Eu das pedras não quero nada, 
eu das pedras não quero nada, 
mas da rua quero alguém! 

Olha a laranja do meu quintal 
olha a laranja do meu lindo laranjal 

Eu já disse à laranjeira, 
eu já disse à laranjeira, que não desse mais flor. 

Que passasse sem laranjas, 
que passasse sem laranjas, 
como eu passo sem amor! 

Olha a laranja do meu quintal 
olha a laranja do meu lindo laranjal! 

Olha a laranja


domingo, 5 de julho de 2015

Como acabar com a discriminação

Morgan Freeman, na sua imensa sabedoria, explica de forma muito simples como acabar com o racismo, num conselho aplicável a qualquer tipo de discriminação.

É tão simples: enquanto rotularmos - mesmo com o objectivo de valorizar quem é alvo de discriminação - estaremos a distinguir as pessoas com base em aspectos que não as definem, nem são as pessoas. 

Rotular é o início da discriminação, e o que pretendemos é o oposto. É altura de parar de criar rótulos e parar de falar neles. Vamos unir-nos, mas não com base em raça, cor, etnia, género, orientação sexual, religião ou seja o que for. Vamos unir-nos uns aos outros apenas por quem somos, vamos unir-nos apenas porque sim.

 

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Vontade de viver, vontade de morrer


Sobre o Mundo e o nosso mundo, sobre a Vida e a Morte, sobre o entusiasmo pela vida e o desânimo que leva a querer morrer, sobre problemas e soluções. O artigo desta semana para o Sapo Lifestyle.

http://lifestyle.sapo.pt/astral/espiritualidade/autoconhecimento-espiritualidade/artigos/vontade-de-viver-vontade-de-morrer


Vontade de viver, vontade de morrer


Algumas pessoas têm sempre um sorriso no olhar, como se na sua vida não houvesse sofrimento, e outras sentem-se tão descontentes que chegam a tirar a própria vida. O que há de tão diferente entre elas? Problemas ou atitudes? 
 

Quando ouvimos a notícia de que alguém cometeu suicídio, presumimos geralmente que essa pessoa tinha de estar num sofrimento atroz. Por outro lado, curiosamente, também presumimos que uma pessoa de disposição alegre e brincalhona teve uma vida de facilidades e nunca sofreu na vida. Ambos são juízos precipitados, que devemos ter muito cuidado ao fazer.

Em primeiro lugar, problemas não são comparáveis, porque as pessoas não são iguais. Cada pessoa lida com as suas dificuldades e com as suas alegrias de acordo com quem é, e na sequência de experiências que teve antes. Não somos neutros, e aquilo que afeta uma pessoa de uma maneira pode afetar outra de forma completamente diferente, ou não afetá-la sequer.

Ouvimos falar de pessoas que passaram por experiências extremamente traumáticas e não perderam a vontade de viver, nem o entusiasmo pela vida. Talvez nós mesmos tenhamos passado por alguma. Não é possível saber exatamente como as pessoas ultrapassam certas experiências, até porque as pessoas são muito diferentes e o que funcionou para uma pode não ser indicado para outra. Mas se sairmos do nosso pequeno mundo e pensarmos no que será viver neste momento em algumas regiões do Congo, por exemplo, um dos países do mundo mais perigosos para as mulheres, podemos encontrar alguns exemplos impressionantes.

Há uns meses vi uma reportagem sobre um médico ginecologista congolês, Denis Mukwege, em que este dizia já ter desabado a chorar inúmeras vezes, quando lhe colocaram nos braços bebés de poucos meses no limiar da morte, após terem sido violadas, assim como as suas mães, irmãs e avós, todas vítimas das atrocidades de guerra civil do Congo. Segundo este médico, a violação em massa é perpetrada e incentivada - frequentemente com enorme crueldade e violência - como forma de humilhar as mulheres, e também os homens, seus familiares. O próprio médico e a sua família sofreram um atentado que quase tirou a vida a um dos seus filhos, por denunciar a violação como arma de guerra, que diariamente testemunha, e tentar ajudar estas mulheres.

Durante a reportagem, sucediam-se as imagens surpreendentes: no hospital fundado por Denis Mukwege, unicamente para auxiliar as mulheres vítimas destes crimes, era possível ver e ouvir algumas delas a cantarem juntas, até a sorrirem, talvez semanas após serem vítimas de crimes inqualificáveis que quase lhes tiraram a vida e que tiraram efetivamente a vida a muitos dos seus familiares. Após o atentado à sua família, o médico ginecologista ausentou-se da prática, mas estas mulheres agradeciam-lhe e cantavam para ele - sabe-se lá a que custo - pedindo-lhe que voltasse. E ele voltou.

Diante de tudo isto pensamos, como é possível ter tanta força e vontade de viver, volta a sorrir após experiências e perdas destas, após tão grande sofrimento? Há situações tão extremas, tão no limite do suportável, que parece não haver escolha nem meio-termo: ou se segue em frente, ou o peso da tristeza seria grande ao ponto de afundar e afogar a pessoa no próprio sofrimento. Estas mulheres são um impressionante exemplo da capacidade de sobrevivência do ser humano, e da sua resistência física, psíquica e emocional.

Regressando à esfera do pessoal, algo que pode prejudicar seriamente a nossa vontade de viver é começar a avaliar a justiça ou injustiça do que nos acontece e acontece aos outros. Por mais que sejamos tentados a fazê-lo, é inútil, e absurdo, como é tudo aquilo que dizemos sem conhecimento de causa. Como justificar que bebés, que mal começaram a viver e não tiveram ainda a possibilidade de cometer qualquer “injustiça”, passem por situações como a descrita acima? Esse tipo de abordagem não faz, portanto, qualquer sentido. Até conhecermos os mistérios e as leis que regem este mundo - e o Cosmos - é melhor procurar as respostas ao que podemos realmente saber, e ao que pode fazer a diferença na nossa vida, nomeadamente, como vivê-la de forma a nos sentirmos realizados e felizes, (o mais possível) independentemente das circunstâncias exteriores.

A dificuldade que temos em aceitar o que a vida nos dá tem muito a ver com as nossas expectativas para ela. Provavelmente, quem nasce num país em guerra ou numa situação de extrema pobreza, não terá muitas expectativas – nunca conheceu outra realidade - para além de conseguir para si e para a sua família o pão e sobrevivência para o dia seguinte, e sair dessa situação. Por outro lado, para quem nasceu num país de primeiro mundo e se habituou a determinados padrões de vida e de riqueza – e também nunca conheceu outra realidade -, deve ser muito difícil ver-se numa situação de desemprego, por exemplo, ou sofrer outra perda que altere substancialmente a realidade a que se habituou.

São tipos de sofrimento muito diferentes, mas ambos válidos, porque o sofrimento sentido internamente é sempre real. Não faz sentido sofrer e, além desse sofrimento, ainda sentir culpa por haver quem sofra mais. Isso seria sofrer duplamente. Mas podemos, e devemos, observar as outras situações, colocar o nosso sofrimento em perspetiva e relativizá-lo tanto quanto possível. A realidade que criamos é algo de extremamente poderoso. Em grande medida, ela não depende de fatores externos, mas das nossas próprias tendências internas e da nossa vontade. Aquilo que nos move, sejam ideias, ideais, ambições ou crenças, são os fios com que tecemos o nosso mundo. E o nosso mundo é a realidade que criamos com o que a vida nos dá, por isso temos sempre a possibilidade de alterá-lo, se o pensarmos de uma forma diferente.

Se uma pessoa quer matar-se por algo que já não tem, seja outra pessoa, um emprego ou um certo nível ou qualidade de vida, etc, é porque a sua vontade de viver depende em grande medida de algo exterior a si mesma, que está sempre condenado a falhar em alguma altura. Então, a nossa vontade de viver não pode depender de algo exterior a nós: ela é e será afectada continuamente por factores exteriores – pessoas, crises, guerras, catástrofes naturais – mas a nossa vontade de viver não pode depender da nada disso.

Fazê-lo, na prática, exige grande esforço, mas em alguns casos, a vontade de viver é talvez a única opção, para sobreviver a algumas experiências limite. É como se a Vida nos testasse e obrigasse a vivê-la com vontade, ou não vivê-la de todo. E se na vida não há como fugir aos problemas, nem existem problemas que se resolvam sem sermos nós a resolvê-los, é provável que após a morte se passe algo semelhante, e que o mesmo problema nos seja apresentado com outra “roupagem” em reencarnações subsequentes, até que a sua origem seja resolvida e neutralizada.

Então, se não há como fugir à vida - nem à morte -, nem como resolver problemas - mesmo com a morte – vamos viver a vida com vontade... e quem sabe, a morte, quando ela um dia chegar! Ela é apenas a face não visível da vida.

Vera Vieira da Silva

Facebook https://www.facebook.com/araciguassu
Email v.vieradasilva@gmail.com

artigo do parceiro: Vera Vieira da Silva