quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Magnólia

No comboio

No comboio um senhor idoso com um semblante e uma voz que revelam desespero diz "Dêem-me a vossa moeda mais pequenina pelo amor de Deus". E é tão verdadeiro naquilo que diz e não diz mas se vê, que muitas são as pessoas que lhe estendem a mão e lhe dão a ajuda que pede em moedas de todos os tamanhos, ou em meios-sorrisos ao verem a gratidão misturada de desespero daquele senhor. Enquanto recebe as moedas vai perguntando às pessoas que lhas deram se não lhes faz falta a ajuda que estão a dar. E ainda tem boa memória... diz a alguém "Não lhe faz falta senhor? Na semana passada também me deu uma moeda grande". E fico a pensar como é possível alguém tão pobre ser tão generoso. Gratidão é reconhecer o bem que nos fazem. Generosidade é colocar-nos no lugar de quem dá conscientes do que dar pode significar na vida dessa pessoa - é uma bela forma de dar.


Vera Vieira da Silva 

" La paz en nuestras manos / Peace in our hands", Cidade do México, México

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Sobre a Abstenção de Votar

É muito triste observar os resultados destas eleições presidenciais e saber que 51,16% dos portugueses decidiram não votar ontem. Quando uma pessoa não vota, não se sabe o porquê, não se sabe se não gostou de nenhum candidato, se é contra o sistema ou se é simplesmente preguiçosa. O voto em branco existe para isso, para mostrarmos a nossa insatisfação de forma prática e palpável. Votar em branco é uma afirmação, não votar não é nada. 

Não votar também é um direito (pelo menos em Portugal), mas quando não se vota, ninguém a não ser o próprio sabe o porquê - e é isso que é triste: quando votamos, votamos por todos, não apenas por nós, votamos pela sociedade que desejamos construir. Quando não votamos, estamos a excluir-nos da sociedade em que vivemos, e não apenas do sistema. E a verdade é que nem do sistema podemos excluir-nos: quer não se goste dos candidatos, quer se seja contra o sistema, o sistema governa-nos e afecta a nossa vida a cada momento. Não podemos fugir dele. Podemos sim, mudá-lo, mas para isso temos de dizer o que queremos ou não queremos. 

Votamos não apenas pelos que morreram no passado para que nós pudéssemos votar hoje, votamos para participar na construção de um futuro em que a nossa vontade tenha sempre uma expressão e um lugar, e para reafirmar que queremos participar na sociedade em que vivemos, da qual todos fazemos parte. 

Que nunca regresse o tempo em que não tenhamos a liberdade de dar a nossa opinião.


Vera Vieira da Silva



domingo, 24 de janeiro de 2016

Plante

Valquírias


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Mín Móðir



 Eivør Palsdottir - Mín Móðir (My Mother)


Estes são os nórdicos dos tempos modernos... sinto neles muita da grandeza e do espírito indomável dos seus ancestrais.

Eivør Palsdottir escreveu esta música em homenagem às Ilhas Faroe na Dinamarca, onde nasceu. A sua voz tem algo de intemporal...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

O nascimento de uma flor

Quanto tempo demora a nascer uma flor? 

... 24 semanas depois da folha de violeta que cortei da planta-mãe e plantei ter criado as primeiras folhinhas bebés, eis que a planta agora adulta me revela entre as muitas folhas que entretanto nasceram o primeiro pequeno botão de flor que gerou. Aguardava ansiosa por este momento, e está tão perto agora... o desabrochar *