Nevoeiro

O Nevoeiro lembra-me sempre Vida, nova vida a ser gerada, envolta, protegida pela névoa...

Pormenor do castelo dos Mouros, Sintra

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Tangerine

Led Zeppelin "Tangerine" :)



Earl's Court 1975

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O Futuro

Esta está excelente...

Why should you trouble yourself about the future? You do not even properly know about the present. Take care of the present, the future will take care of itself.

Ramana Maharshi

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O Guardador de Rebanhos

Da mais alta janela da minha casa

Com um lenço branco digo adeus

Aos meus versos que partem para a humanidade.

E não estou alegre nem triste.

Esse é o destino dos versos.

Escrevi-os e devo mostrá-los a todos

Porque não posso fazer o contrário

Como uma flor não pode esconder a cor,

Nem o rio esconder que corre,

Nem a árvore esconder que dá fruto.

Ei-los que já vão longe como que na diligência

E eu sem querer sinto pena

Como uma dor no corpo.

Quem sabe quem os lerá?

Quem sabe a que mãos irão?

Flor, colheu-me o meu destino para os olhos.

Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas.

Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.

Submeto-me e sinto-me quase alegre,

Quase alegre como quem se cansa de estar triste.

Ide, ide de mim!

Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.

Murcha a flor e o seu pó dura para sempre.

Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a

que foi sua.

Passo e fico, como o Universo.

Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos (Poema XLVIII)

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O Silêncio

"Ficamos sentados em silêncio a observar o mundo à nossa volta. Levou-nos uma vida a aprender isto. Parece que os velhos são capazes de ficar sentados um ao lado do outro sem dizerem nada e, ainda assim, satisfeitos. Os jovens, activos e impacientes, têm sempre que quebrar o silêncio. É um desperdício, porque o silêncio é puro. O silêncio é sagrado. Une as pessoas porque só os que se dão bem uns com os outros se podem sentar juntos sem falar. É este o grande paradoxo".

The Notebook (O Diário da nossa Paixão), Nicholas Sparks

Foto de Ney Bravo

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Anakin

Ontem deu na televisão um filme que me ensinou uma das mais importantes lições dos últimos tempos… O terceiro episódio (primeira trilogia) da Guerra das Estrelas tem uma mensagem muito interessante. Anakin Skywalker, futuro Darth Vader, era um miúdo espectacular, generoso, corajoso e inteligente … porque raio então é que um miúdo com tão bom coração se transforma no monstro que é Darth Vader? Sem querer contar a história toda da primeira trilogia da Guerra das Estrelas, posso dizer que o mestre Yoda lhe disse no templo Jedi que não o queria treinar porque, para além da sua idade, sentia nele muito medo … medo de perder, medo de deixar ir... medo. E qual é o problema de ter medo?


Yoda: How feel you?

Anakin: Cold, sir.

Yoda: Afraid are you?

Anakin: No, sir.

Yoda: See through you we can.

Mace Windu: Be mindful of your feelings.

Ki-Adi-Mundi: Your thoughts dwell on your mother.

Anakin: I miss her.

Yoda: Afraid to lose her I think, hmm?

Anakin: What has that got to do with anything?

Yoda: Everything! Fear is the path to the dark side. Fear leads to anger. Anger leads to hate. Hate leads to suffering. I sense much fear in you.

Contudo Anakin é admitido e treinado. No segundo episódio reencontra Padmé, por quem se apaixona e por quem é correspondido. Mas os Jedis não podem casar, pois é suposto se dedicarem, protegerem e amarem todas as pessoas e não uma em particular. Entretanto Anakin sonha com a mãe. No seu sonho ela está presa e em perigo, e ele parte à sua procura, mas quando a encontra ela morre nos seus braços. A partir daí Anakin faz um promessa de que nunca mais perderá nenhuma das pessoas que ama… e por isso quer tornar-se poderoso….para controlar aquilo que não pode ser controlado.

Começa aqui o seu maior erro: um Jedi entende que a Vida tem fluxos, tempos próprios e é regida por leis que não podem nem devem ser controladas… fazê-lo é não aceitar aquilo que simplesmente é, não aceitar a Ordem natural das coisas… é aí que começa o seu caminho para o Lado Negro da Força.
No terceiro episódio Anakin volta a sonhar que alguém que ama está em perigo, sonha que Padmé, que está grávida, vai morrer de parto. Então aquilo que era simplesmente pensamento começa a tornar-se real: Anakin, para impedir que Padmé morra começa a proteger e deixar-se corromper por alguém que será mais tarde o Imperador, e que lhe assegura que só através dele conseguirá salvar Padmé. E quando mata outro Jedi, para impedir que esta pessoa desapareça, Anakin completa a sua passagem e torna-se Darth Vader. Cruelmente mata crianças, adultos e todos os que for preciso para conseguir o seu objectivo: ter poder para salvar Padmé. Mas nesse caminho, sem se dar conta, Anakin trai todos os seus ideais, e sobretudo trai-se a si próprio. E ao assistir a tudo isto, Padmé acredita não o conhecer mais, e sabe não mais ser possível acompanhá-lo (“You are going down a path I can’t follow”), perdendo a vontade de viver e morrendo assim que dá à luz os gémeos Luke e Leia. Assim concretiza-se o sonho de Anakin, mas concretiza-se às suas mãos. O seu medo de perder e de deixar ir eram tão grandes que para impedir que o seu medo se concretizasse acabou por se tornar na sua causa.

O simbolismo de toda esta história da primeira trilogia é esse mesmo, que ao termos medo de algo, se não o tentamos controlar no sentido de aceitar a sua possibilidade e aceitar que há coisas que não dependem de nós e que não podemos nem nos cabe controlar (por mais que seja essa a nossa vontade), estamos a criar as condições para que esse medo se concretize. Quando temos medo de algo é porque algo não está resolvido em nós e se não o resolvemos em nós ele torna-se real exteriormente para que tenhamos que lidar com ele interiormente, resolvê-lo e aprender esta lição.

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