Amar, na prática
“O que é o Amor? Como reconhecê-Lo?”
Estas devem ser algumas das perguntas de mais difícil resposta... Mas,
quer no amor romântico, pela pessoa que temos ao nosso lado, quer no
amor universal, por um desconhecido na rua, “amar” é um verbo de
prática.
O mais essencial do Amor, talvez seja
o facto deste se definir - sem nunca, realmente, se poder definir –
como um verbo de ação. Amor que não é colocado em prática, nem em
gestos, nem se reflete na realidade, é um amor feito de palavras, um
romance de literatura.
Muitas vezes ouvimos que o Amor não espera
nada do outro, mas é bem mais complexo que isso. Exigir amor daqueles
que amamos, ou exigir manifestações de amor, não faz qualquer sentido,
porque a exigência e o controlo são contra a essência do próprio Amor,
que é a da dádiva, aceitação, vontade de conhecer o outro e se dar a
conhecer, e a necessidade irresistível de dar amor a quem se ama.
Há
contudo um ponto de equilíbrio entre o nada esperar e o nada receber:
uma relação só faz sentido se o amor for recíproco, o que não significa
que as pessoas amem da mesma forma e o demonstrem da mesma maneira ou
com a mesma intensidade. Um amor em que não há compreensão, aceitação,
entusiasmo e em que só um dá, talvez não seja digno desse nome.
Não
podemos esperar que o outro seja igual a nós, esquecendo-nos que o que
fomos buscar no outro inicialmente foi o que era diferente e nos
complementava. O “complementar” e não “completar” faz total diferença
aqui. Já todos ouvimos que não podemos esperar que o outro nos complete,
e que temos de ser inteiros em nós mesmos para nos relacionarmos com
outro ser (inteiro), e termos uma relação equilibrada e sadia. Mais uma
vez, podemos ter a teoria toda, mas se não a colocarmos em prática, o
que vai acontecer é uma relação de dependência, em que um precisa do
outro para se sentir feliz por não ser capaz de se fazer feliz a si
próprio.
O Amor Universal - o Amor pela Humanidade – é igualmente
complexo, apesar de aparentemente parecer simples para muitas pessoas…
Não é o Amor Universal em si que é complexo, mas é o senti-lo realmente,
vivo no nosso interior, e vivenciá-lo verdadeiramente.
Ser capaz
de sentir o Amor Universal dentro de nós é ser capaz de amar a
Humanidade por inteiro, em cada um dos seus representantes, ou seja, é
ser capaz de amar cada ser humano individualmente, cada pessoa que
conhecemos e cada pessoa que não conhecemos. Significa também não
criticar e julgar pessoas, povos, nações e culturas, atribuindo-lhes
determinadas características (normalmente negativas), generalizando
opiniões, distinguindo e separando.
Não é fácil amar aquela pessoa
que nos deu um encontrão no metro para entrar antes das outras pessoas
saírem, ou amar o vizinho que faz barulho e que por mais que seja
avisado teima em por o volume do rádio alto a horas impróprias, ou amar
aquele amigo que traiu a nossa confiança, ou amar o pai ou mãe quando
por vezes, parece, só nos encontram defeitos.
Por outro lado, é
fácil dizer que somos pela Paz & Amor, dizer que defendemos as
crianças e os animais, dizer que somos espirituais por termos um momento
de sossego e relaxamento na Ioga ou na igreja (ou mesquita, sinagoga,
etc) depois de passarmos o dia a criticar os colegas, os familiares e
outros tantos. Como encontrei uma vez na Internet, “não adianta fazer
Ioga e não cumprimentar o porteiro”.
Por mais que seja impossível
definir o Amor - e inútil, na verdade - porque Ele surge em múltiplas
formas e adora disfarçar-se, há algo muito simples, através do qual
podemos descobrir se estamos diante Dele: tudo o que provoque divisão,
separação, dor profunda, mesmo que nos seja apresentado como pretenso
amor, não o pode ser, porque o Amor, o verdadeiro, só quer unir, dar e
gerar… Amor.
por Vera Vieira da Silva
email: v.vieiradasilva@gmail.com
artigo do parceiro:
Vera Vieira da Silva
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