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Nauthiz, a Grande Professora
Já dizia o Capitão Barbossa, dos Piratas das Caraíbas,
“Por certo tens de estar perdido para encontrares um lugar que não pode
ser encontrado. Caso contrário, todos o encontrariam”... mas aqui o
lugar maravilhoso a descobrir, é o que fica dentro de nós.
Caminhar
sempre pelo mesmo trilho, ler sempre o mesmo género de livros, ouvir o
mesmo tipo de música, encontrar as mesmas soluções, estar sempre com as
mesmas pessoas, cristaliza-nos… mata-nos aos pouquinhos. Cantava Amália
Rodrigues no fado Meia-noite e uma guitarra (letra de Álvaro
Duarte Simões), “Viver é estar-se perdido, morrer é estar onde estou
(…). É loucura sem sentido caminhar por onde vou”. Caminhar sempre pelo
mesmo trilho, é portanto, ir sempre ter ao mesmo destino, onde nada de
novo acontece…
É então que a Vida nos tira o “tapete” – e é porque
a Vida conspira a nosso favor que nos tira os "tapetes". Estes são as
ilusões de que nos rodeamos, as falsas seguranças e repetitivas ideias a
que nos habituámos, que foram cristalizando o nosso ser, fazendo com
que deixasse de haver espaço para o novo. E como diz outro personagem
fictício do cinema, o grande Mestre Yoda da Guerra da Estrelas: “Tens de desaprender o que aprendeste”.
Quando
o arquétipo que a Runa Nauthiz representa age na nossa vida, há
constrangimento, limitação e dor. Essa dor é o alerta de que algo está
em desequilíbrio em nós e na forma com estamos a viver. E tal como
acontece com os pratos da balança, há algo que é preciso acrescentar …
ou retirar … para se conseguir o equilíbrio. A palavra-chave a ter em
mente é “oposto complementar”. Afinal tudo o que existe é feito de
contrastes, de polaridades.
Portanto, para devolver o equilíbrio a
algo que vemos como um problema ou um obstáculo e que está a causar-nos
sofrimento, há que olhar para o outro prato da balança, e perceber o
que na nossa vida está a mais ou está em falta. E para o fazer é preciso
auto-observação e auto-análise, ou seja, olhar para dentro. É também
essencial que nos vigiemos, para evitarmos cair nos mesmos padrões
emocionais e mentais que antes provocaram o nosso sofrimento. Nas
palavras de Albert Einstein, “Não se pode resolver um problema com o
mesmo grau de consciência que lhe deu origem”.
O sofrimento pode,
por vezes, parecer demais, mas “Deus dá-nos aquilo com que conseguimos
lidar, mesmo que não acreditemos nisso” (do filme Beautiful Creatures, de
Richard LaGravenese). Tudo isso é a Vida disfarçada de Grande
Professora, que nos obriga, por (nossa) necessidade, a crescer,
fortalecer-nos, e a encontrar soluções criativas e audazes para
retirarmos da nossa vida o que nos limita e ainda aprendermos com isso!
Nauthiz
faz-nos descobrir, através da limitação e do constrangimento, a nossa
própria sabedoria e força interior, revelando dentro de nós os tais
lugares que desconhecíamos existirem. Antes de nos encontrarmos, é
preciso estarmos perdidos.
Sejamos gratos a todos os grandes
Professores que passam pela nossa vida, seja eles livros, filmes,
canções, experiências difíceis ou pessoas que nos magoaram. O nosso
crescimento e evolução acontecem graças a todos eles.
Vera Vieira da Silva
email: v.vieiradasilva@gmail.com
artigo do parceiro:
Vera Vieira da Silva
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