segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Sobre a Abstenção de Votar

É muito triste observar os resultados destas eleições presidenciais e saber que 51,16% dos portugueses decidiram não votar ontem. Quando uma pessoa não vota, não se sabe o porquê, não se sabe se não gostou de nenhum candidato, se é contra o sistema ou se é simplesmente preguiçosa. O voto em branco existe para isso, para mostrarmos a nossa insatisfação de forma prática e palpável. Votar em branco é uma afirmação, não votar não é nada. 

Não votar também é um direito (pelo menos em Portugal), mas quando não se vota, ninguém a não ser o próprio sabe o porquê - e é isso que é triste: quando votamos, votamos por todos, não apenas por nós, votamos pela sociedade que desejamos construir. Quando não votamos, estamos a excluir-nos da sociedade em que vivemos, e não apenas do sistema. E a verdade é que nem do sistema podemos excluir-nos: quer não se goste dos candidatos, quer se seja contra o sistema, o sistema governa-nos e afecta a nossa vida a cada momento. Não podemos fugir dele. Podemos sim, mudá-lo, mas para isso temos de dizer o que queremos ou não queremos. 

Votamos não apenas pelos que morreram no passado para que nós pudéssemos votar hoje, votamos para participar na construção de um futuro em que a nossa vontade tenha sempre uma expressão e um lugar, e para reafirmar que queremos participar na sociedade em que vivemos, da qual todos fazemos parte. 

Que nunca regresse o tempo em que não tenhamos a liberdade de dar a nossa opinião.


Vera Vieira da Silva



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