"De mim não esperem, nem definições, nem frases declamatórias. Nada pareceria mais deslocado. Definir-me, seria limitar-me, e a minha força não tem limites. Dividir-me, seria distinguir os diferentes cultos que me prestam, e eu sou igualmente adorada por toda a Terra. E, além disso, de que serviria dar-vos uma definição, um retrato ideal de mim própria, que não se pareceria mais comigo do que a minha própria sombra, visto que na vossa presença tendes o original?
Sou, portanto, como vedes, a verdadeira doadora de bens, essa loucura a que os latinos chamavam Stultitia e os gregos Moria (...). Em mim não pode haver arrebiques nem dissimulações, e nunca o meu rosto traduz um sentimento que eu não traga no coração. Enfim, sou de tal modo semelhante a mim própria, que ninguém me saberia ocultar, nem mesmo os que pretendem representar o papel de doutos e que mais desejam passar por tal."
O Elogio da Loucura, Erasmo de Roterdão
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