Este artigo faz uma reflexão sobre os benefícios da utilização de oráculos como ferramentas de auto-conhecimento (Tarot, Runas, I-Ching, etc). Relaciona também a busca de respostas dentro e fora de nós, com a utilidade/inutilidade de procurar fora algumas respostas e confirmações que só podem vir de dentro, através da experiência e de uma transformação interna que levará a um encontro com nós próprios e com a nossa missão de(sta) vida. Faz ainda referência aos filmes do "Matrix" como exemplo dessa caminhada que todos temos de fazer sozinhos.
Para que serve um Oráculo?
Os oráculos são ferramentas de
trabalho interior que nos ajudam a organizar e compreender as nossas
ideias e as nossas emoções. Tal como acontece com as ferramentas
utilizadas em trabalhos puramente físicos, é possível, em maior parte
dos casos, encontrar alternativas para realizar o que as Runas, o Tarot,
o I-Ching e outros oráculos nos permitem fazer e nos leva a querer
utilizá-las: uma delas, é apenas deixar o tempo passar e aprender com
ele. A diferença é que estas ferramentas ajudam-nos a acelerar esse
processo.
Um oráculo funciona como um espelho. E como espelho que
é, reflete uma imagem, simbólica, de um esclarecimento ou uma pergunta
que lhe apresentamos. A imagem é simbólica porque funciona com símbolos.
Essa representação em linguagem simbólica tem depois de ser
descodificada para ser compreendida, pelo próprio ou por alguém que
conheça essa linguagem. O que ainda gera alguma confusão e desconfiança
relativamente aos oráculos no geral é que estas ferramentas são vistas
como algo impossível de ser real, pelo facto de supostamente de nos dar
chaves milagrosas para resolvermos todos os nossos problemas e sermos
felizes para sempre, e nada disso existe, pelo menos não nesses moldes.
Mas já lá vamos.
O mundo dos arquétipos é o mundo dos oráculos. Arquétipos são
representações dos ciclos da experiência humana e da sua evolução. No
fundo, são símbolos, como outros que podemos desenhar e escrever e que
representam ideias e estados mentais ou emocionais. Então o que os
oráculos fazem é devolver-nos uma representação simbólica como resposta a
uma pergunta que formulámos previamente – a tal imagem simbólica
refletida no espelho. Mas não apenas eles. Todos nós somos uma espécie
de "antenas" que continuamente emitem e captam energia e magnetismo.
Quando trabalhamos com um oráculo, concentramo-nos numa pergunta/ideia
específica e os oráculos revelam-nos apenas a imagem simbólica
correspondente àquilo que foi lhes foi dirigido.
É simplesmente
isso, uma resposta magnética e energética, que nos chega por meio de uma
ferramenta física que trabalha com "matéria" não física, e que funciona
como um canal entre esses dois mundos. Não é magia, é a lei da
Afinidade em ação. Parece-nos magia apenas porque só raramente
observamos à nossa volta as muitas outras manifestações desta e de
outras leis cósmicas, então as poucas que são visíveis aos nossos olhos
parecem-nos algo raro e muito especial. É é especial, apenas não é raro,
é a forma como este maravilhoso Universo funciona.
A verdadeira
confusão relativamente aos oráculos é a ilusão que existe relativamente
ao seu propósito e funcionamento. Nenhum oráculo - nem seja o que for
exterior a nós - vai resolver os nossos problemas em nosso lugar. Pode
sim, ajudar-nos muito ao nível do auto-conhecimento, trazendo para o
nosso consciente conhecimento e informação que já lá está latente mas,
claro está, a um nível inconsciente. Um oráculo pode ainda dar-nos uma
orientação eficaz em momentos específicos, que pode fazer uma grande
diferença em certos momentos, mas não sem que nós nos ajudemos a nós
próprios e tenhamos um papel ativo na sua superação e na nossa
auto-transformação.
As respostas que qualquer oráculo nos dá são
exatamente aquelas que temos de ouvir nesse momento – pois são a
correspondência magnética desse instante – mas não necessariamente
aquilo que vai acontecer, pois o futuro está em permanente mutação. Não
adianta querer chegar o futuro antes do tempo, porque esse só chegará
quando for construído por nós. Outros futuros chegarão sempre, se não
construirmos o nosso, mas esses são geralmente aqueles que nos fazem
mais tarde lamentar o passado e viver de “ses” o resto da vida: “se eu
tivesse feito isto”, “se tivesse vivido aquilo…”.
Podemos pedir
esclarecimentos a um oráculo sobre o passado, o presente ou o futuro.
Mas é geralmente mais útil tentar compreender algo do presente ou um
aspeto não resolvido do passado, porque relativamente ao futuro um
oráculo só pode apontar uma direção que poderá levar-nos a um
determinado caminho ou acontecimento se as tendências do momento se
mantiverem. Seja como for, o que é realmente importante na nossa vida
nunca nos é dito nem dado assim, “de bandeja”. Tal como o personagem Neo
do “Matrix”, se o Oráculo lhe tivesse dito que ele era “O Escolhido”
quando este lhe foi apresentado, ele seria o Escolhido na mesma, mas não
realizaria a sua missão pois esta seria como que algo exterior a ele,
algo não descoberto internamente. Por isso o Oráculo teve de dizer-lhe
que ele não era o Escolhido, para que sem esse peso nos ombros ele se
pusesse a caminho, vivesse mil e uma aventuras e descobrisse dentro de
si próprio quem era - revelando-se a si próprio. Só sabendo,
internamente, quem era, ele poderia realizar a sua missão.
Em
suma, as respostas de um oráculo estão sempre certas: o momento em que
elas nos são dadas é sempre o momento certo para as ouvirmos, pois essa
informação vai desencadear uma sequência de acontecimentos que não nos
levam necessariamente ao tal “futuro”, mas aproximam-nos da nossa
missão, que é o que realmente importa. O que fazemos com essas respostas
é responsabilidade nossa. Não podemos ficar à espera que se
concretizem, não podemos depender delas, e sobretudo não podemos tentar
viver através delas e sonhar com um futuro melhor do que o presente é e
do que o passado foi. Isso seria fazer uma ficção da nossa própria vida.
Um oráculo funciona assim. Afinal, os oráculos são - como foi dito
desde o início - uma ferramenta, um cajado para nos auxiliar no caminho.
Mas os peregrinos da vida somos nós.
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artigo do parceiro:
Vera Vieira da Silva